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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

PREZADO PÔNCIOS


Pilatos, intruso no credo
lavou as mãos de suas desculpas.

A história passou por ele
sem deixar traços nem culpas.

Talvez Pilatos soubesse
em sua imperial intimidade
que não valia a pena,
a pena de ignorar o Império:
ignorou um homem.

Pilatos ganhou a imortalidade
lavando as mãos com a singeleza
de quem prepara o corpo
para mais uma noite se insônia.

Mal sabia o romano
que escrevia no sono
o mais atroz pesadelo,
que ainda assombra
as noites de quem apenas lavou
                                     as mãos.

Mas não lavou a infâmia. 

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