PREZADO PÔNCIOS
Pilatos, intruso no credo
lavou as mãos de suas desculpas.
A história passou por ele
sem deixar traços nem culpas.
Talvez Pilatos soubesse
em sua imperial intimidade
que não valia a pena,
a pena de ignorar o Império:
ignorou um homem.
Pilatos ganhou a imortalidade
lavando as mãos com a singeleza
de quem prepara o corpo
para mais uma noite se insônia.
Mal sabia o romano
que escrevia no sono
o mais atroz pesadelo,
que ainda assombra
as noites de quem apenas lavou
as mãos.
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